A psoríase é uma condição de pele que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Caracterizada por manchas vermelhas, escamosas e inflamadas na pele, a psoríase não apenas causa desconforto físico, mas também pode ter um impacto significativo na saúde mental e emocional dos indivíduos afetados.
Muitas vezes, as pessoas com psoríase enfrentam estigma social, ansiedade, baixa autoestima e até mesmo depressão devido à aparência visível da condição e ao desconforto emocional que ela pode causar.
Nos últimos anos, pesquisas têm destacado a correlação entre psoríase e depressão, revelando uma relação complexa entre a saúde da pele e o bem-estar mental. Se você sofre de psoríase e apresenta sintomas de depressão, leia esse artigo até o final.
A Correlação entre Psoríase e Depressão
Estudos científicos têm mostrado consistentemente uma associação entre psoríase e depressão. De acordo com dados estatísticos recentes, indivíduos com psoríase têm uma probabilidade significativamente maior de desenvolver depressão em comparação com a população em geral.
Uma pesquisa publicada no Journal of the American Academy of Dermatology revelou que até 30% das pessoas com psoríase sofrem de depressão em algum momento de suas vidas. Isso quer dizer que 3 a cada 10 pessoas com psoríase podem ter depressão. Essa associação é mais intensa quanto mais grave for a doença da pele.

Outro fator agravante é que pacientes com distúrbios com depressão tendem a se sentir menos satisfeitos com seu tratamento, entrando em um ciclo vicioso e comprometendo ainda mais a sua qualidade de vida.
Risco de suicídio
Pessoas com psoríase têm um risco aumentado de ideação suicida e comportamento suicida. Esse risco elevado pode ser atribuído a diversos fatores, incluindo o impacto na saúde mental emocional da doença, a dor crônica e a percepção negativa da própria imagem corporal.
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Um estudo publicado no Journal of the American Academy of Dermatology mostrou que pessoas com psoríase têm risco 2 vezes maior de apresentar ideação suicida, sendo mais frequente em pacientes jovens e com psoríase grave.
O estresse crônico e o cortisol
Várias teorias foram propostas para explicar a ligação entre psoríase e depressão. Uma delas sugere que a psoríase e a depressão compartilham mecanismos inflamatórios comuns no corpo. A inflamação crônica associada à psoríase pode afetar o funcionamento do cérebro, contribuindo para o desenvolvimento da depressão.
Uma hipótese aceita atualmente enfatiza a complexa rede de interações entre os sistemas endócrino, imunológico e neurotransmissor. O estresse crônico ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, liberando glicocorticóides que, por sua vez, aumenta a atividade inflamatória do corpo pela liberação de citocinas. Como consequência, há liberação sustentada de monoaminas que em última instância comprometem a estrutura e função cerebral.

Além disso, os impactos psicossociais da psoríase, como o estigma social, a vergonha corporal e a limitação nas atividades diárias, podem desencadear ou agravar os sintomas depressivos. A preocupação com a aparência física e o estresse emocional causado pela psoríase podem levar à ansiedade e depressão em muitos pacientes, comprometendo a saúde mental e emocional.
O Impacto na Qualidade de Vida
A correlação entre psoríase e depressão tem um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. A depressão pode piorar os sintomas da psoríase, levando a um ciclo de sofrimento físico e emocional. Por outro lado, a psoríase visível pode causar constrangimento e isolamento social, alimentando ainda mais os sintomas depressivos.
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Diagnóstico de depressão
O diagnóstico de depressão é um processo clínico que envolve uma avaliação cuidadosa e abrangente dos sintomas e da história do paciente. Esse processo geralmente inclui várias etapas:
Avaliação Clínica Inicial
O médico ou profissional de saúde mental começa com uma entrevista clínica detalhada para entender os sintomas, sua duração, intensidade e impacto na vida diária do paciente. A avaliação também inclui uma revisão da história médica, psiquiátrica e familiar do paciente, bem como a identificação de fatores de estresse recentes ou traumas.
Critérios Diagnósticos
Os profissionais utilizam critérios específicos estabelecidos por manuais diagnósticos, como o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) ou a Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Segundo o DSM-5, para um diagnóstico de depressão maior, é necessário que o paciente apresente pelo menos cinco dos seguintes sintomas por um período mínimo de duas semanas, com pelo menos um dos sintomas sendo humor deprimido ou perda de interesse/prazer: humor deprimido, perda de interesse ou prazer, alteração no apetite ou peso, insônia ou hipersonia, agitação ou retardamento psicomotor, fadiga ou perda de energia, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, dificuldade de concentração, e pensamentos de morte ou suicídio.
Exames Físicos e Laboratoriais
Para descartar condições médicas que podem mimetizar ou contribuir para sintomas depressivos, como distúrbios da tireóide, deficiências vitamínicas ou desequilíbrios hormonais, podem ser realizados exames físicos e laboratoriais.
Escalas de Avaliação
Ferramentas padronizadas de avaliação, como o Beck Depression Inventory (BDI), Hamilton Depression Rating Scale (HAM-D), ou Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9), podem ser utilizadas para quantificar a gravidade dos sintomas e monitorar a resposta ao tratamento.
Avaliação Psicossocial
A compreensão dos contextos sociais, familiares e econômicos do paciente é fundamental para um diagnóstico abrangente. Fatores como suporte social, relacionamentos interpessoais, e situações de vida estressantes são considerados.
Entrevistas Complementares
Em alguns casos, entrevistas com familiares ou amigos podem fornecer informações adicionais sobre o comportamento e os sintomas do paciente, complementando a avaliação clínica.
O diagnóstico de depressão é complexo e deve ser conduzido por profissionais treinados, que podem considerar todos esses fatores para desenvolver um plano de tratamento adequado.
Psoríase e Depressão
O reconhecimento precoce da associação entre psoríase e depressão é crucial para garantir o tratamento adequado e o apoio necessário aos pacientes. Além do tratamento da psoríase em si, abordagens terapêuticas que visam a saúde mental e o bem-estar emocional são essenciais para gerenciar eficazmente a condição.

Terapias como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia de apoio emocional podem ajudar os pacientes a desenvolver habilidades de enfrentamento para lidar com o estresse, a ansiedade e a depressão associados à psoríase. Além disso, a psicoterapia pode ajudar a melhorar a autoestima e promover uma atitude positiva em relação à condição.
Conclusão
A conexão entre psoríase e depressão é uma realidade para muitos pacientes que enfrentam essa condição crônica de pele. É importante que os profissionais de saúde reconheçam e abordem adequadamente essa associação, fornecendo suporte aos pacientes que lidam com os desafios físicos e emocionais da psoríase.
Ao aumentar a conscientização sobre a correlação entre psoríase e depressão, podemos ajudar a reduzir o estigma em torno da condição e garantir que os pacientes recebam o cuidado abrangente de que precisam para viver vidas plenas e gratificantes, tanto física quanto emocionalmente, recuperando sua saúde mental e emocional.
Se você sofre de depressão, busque ajuda especializada com psiquiatras para o tratamento da sua condição. Da mesma forma, um dermatologista especialista em psoríase será seu aliado no tratamento. Marque agora sua consulta.