A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele, caracterizada por lesões escamosas e vermelhas que podem causar desconforto significativo. A obesidade, por sua vez, é uma condição de saúde crônica associada ao acúmulo excessivo de gordura corporal.
Estudos recentes têm mostrado uma ligação complexa entre a psoríase e a obesidade, sugerindo que o excesso de peso pode exacerbar os sintomas da psoríase, enquanto a perda de peso pode ter efeitos benéficos. Este artigo explora a relação entre psoríase e obesidade, incluindo a classificação dos níveis de obesidade, a função das células adiposas no metabolismo e inflamação, e os efeitos positivos do emagrecimento na psoríase.
Classificação dos Níveis de Obesidade
A obesidade é comumente classificada usando o Índice de Massa Corporal (IMC), que é calculado dividindo o peso de uma pessoa (em quilogramas) pela sua altura (em metros) ao quadrado. As categorias de IMC são as seguintes:

Peso Normal: IMC entre 18,5 e 24,9
Sobrepeso: IMC entre 25 e 29,9
Obesidade Grau I: IMC entre 30 e 34,9
Obesidade Grau II: IMC entre 35 e 39,9
Obesidade Grau III (Obesidade Mórbida): IMC de 40 ou mais
Essa classificação é amplamente utilizada porque fornece uma maneira rápida e fácil de categorizar o peso corporal, embora não leve em consideração fatores como composição corporal e distribuição de gordura.
Função das Células Adiposas no Metabolismo e Inflamação
As células adiposas, ou adipócitos, desempenham um papel crucial no armazenamento de energia na forma de gordura. Além de serem depósitos de energia, essas células são metabolicamente ativas e secretam diversas substâncias que influenciam processos metabólicos e inflamatórios.
Metabolismo
No contexto do metabolismo, os adipócitos liberam ácidos graxos livres no sangue quando há necessidade de energia, especialmente durante períodos de jejum ou exercício. Esses ácidos graxos podem ser usados por outros tecidos do corpo, como músculos e fígado, para produzir energia.

Inflamação o Obesidade
Adicionalmente, os adipócitos secretam uma variedade de citocinas e adipocinas, que são substâncias sinalizadoras que podem influenciar processos inflamatórios. Em pessoas obesas, há um aumento na produção de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina-6 (IL-6) e resistina. Esses mediadores inflamatórios podem promover um estado de inflamação crônica de baixo grau, que está associado a várias doenças, incluindo a psoríase.
A leptina e a adiponectina são hormônios produzidos pelas células adiposas, desempenhando papéis cruciais na regulação do metabolismo e da inflamação. A leptina é conhecida por regular o apetite e o gasto energético, sinalizando ao cérebro o estado das reservas de gordura corporal; em pessoas obesas, os níveis elevados de leptina podem levar à resistência à leptina, contribuindo para um estado inflamatório crônico.
Em contraste, a adiponectina possui propriedades anti-inflamatórias e aumenta a sensibilidade à insulina. No entanto, seus níveis tendem a ser mais baixos em indivíduos obesos, o que agrava a inflamação sistêmica e a resistência à insulina. Em pacientes com psoríase grave, os níveis de adiponectina estão consistentemente reduzidos em relação a pacientes com psoríase leve. Além disso, estudos mostram que pessoas com psoríase têm níveis de leptina elevados em relação a pessoas sem psoríase.
Relação entre Psoríase e Obesidade
A relação entre psoríase e obesidade é bidirecional e multifacetada. Estudos epidemiológicos têm mostrado que indivíduos obesos têm um risco maior de desenvolver psoríase. Por exemplo, pessoas com IMC acima de 29 têm duas vezes mais chance de desenvolver psoríase. Além disso, a gravidade da psoríase tende a ser maior em pessoas com obesidade. Da mesma forma, pacientes com psoríase têm maior chance de desenvolverem obesidade.
Mecanismo da Psoríase e Obesidade
Os mecanismos subjacentes a essa relação envolvem tanto fatores mecânicos quanto metabólicos:
Inflamação Sistêmica
A obesidade está associada a um aumento na inflamação sistêmica devido à maior produção de citocinas pró-inflamatórias pelas células adiposas. Esse estado inflamatório pode agravar a inflamação cutânea observada na psoríase.
Resistência à Insulina
A obesidade frequentemente leva à resistência à insulina, que está associada a um aumento na produção de mediadores inflamatórios que podem exacerbar a psoríase.
Hormônios Adipocitários
Adipocinas, como a leptina e a adiponectina, têm efeitos moduladores sobre a inflamação e o metabolismo. Na obesidade, níveis elevados de leptina (pró-inflamatória) e níveis reduzidos de adiponectina (anti-inflamatória) podem contribuir para a inflamação crônica.
Estresse e carga mental
A alta carga de estresse e estigmatização da doença leva os pacientes a mudarem hábitos alimentares e diminuir o nível de atividade física, o que contribui para o ganho de peso. A obesidade, por sua vez, culmina em diminuição de autoestima e aumento do estresse, podendo ser gatilho para depressão e ansiedade.

Como a Obesidade piora a Psoríase
A obesidade pode impactar negativamente a psoríase de várias maneiras:
Agravamento dos Sintomas
O excesso de peso pode aumentar a inflamação sistêmica, exacerbando as lesões psoriáticas.
Redução da Eficácia do Tratamento
Pacientes obesos podem ter uma resposta reduzida aos tratamentos para psoríase, incluindo medicamentos biológicos. Isso pode ser devido à distribuição alterada de medicamentos ou ao aumento da inflamação crônica. Alguns medicamentos biológicos, por exemplo, se baseiam no peso do paciente para informar a posologia adequada da medicação.
Doenças cardiovasculares
A obesidade aumenta o risco de comorbidades, como doenças cardiovasculares e diabetes, que podem complicar o manejo da psoríase e diminuir a qualidade de vida dos pacientes.
Como Emagrecer ajuda na Psoríase
A perda de peso pode ter diversos efeitos benéficos para pacientes com psoríase:

Redução da Inflamação Sistêmica
Emagrecer pode diminuir a produção de citocinas pró-inflamatórias, reduzindo o estado inflamatório sistêmico que contribui para a psoríase.
Melhora dos Sintomas
Estudos indicam que a perda de peso está associada a uma melhora na gravidade das lesões psoriáticas. A diminuição do IMC pode levar a uma redução significativa nas áreas afetadas pela doença. Quem consegue emagrecer aumenta em 3 vezes a chance de melhorar da psoríase.
Aumento da Eficácia dos Tratamentos
Pacientes que perdem peso podem apresentar uma resposta melhor aos tratamentos para psoríase, possivelmente devido a um menor estado inflamatório e melhor distribuição de medicamentos.
Melhora na Qualidade de Vida
Além de melhorar os sintomas da psoríase, a perda de peso pode levar a uma melhora geral na qualidade de vida, com redução do risco de comorbidades e aumento da mobilidade e autoestima.
Conclusão
A psoríase e a obesidade são duas condições crônicas que compartilham uma relação complexa e interconectada. A obesidade não só aumenta o risco de desenvolvimento de psoríase, como também pode agravar seus sintomas e dificultar o tratamento.
A perda de peso pode ter efeitos benéficos significativos, tanto na redução da inflamação quanto na melhoria dos sintomas da psoríase. Compreender essa relação é crucial para o manejo eficaz de ambos os problemas, destacando a importância de abordagens integradas que incluam a gestão do peso como parte do tratamento da psoríase.